12. Confronto na mata
A floresta estava ficando muito mais densa, e eu já tinha que usar o facão para passar pelas folhas. Então, vi uma coisa muito estranha: uma trilha. Ela estava meio escondida pois a relva a dominava. Ela parecia ter sido usada recentemente. Um tiro ecoou pela mata, e veio transpassando as folhas no caminho até explodir no tronco de uma árvore a centímetros da minha cabeça. Arregalei os olhos numa injeção de adrenalina. O mundo explodiu numa bola de luz ofuscante. Um espasmo varou meu corpo, fazendo minhas costas arquearem como instinto. Um fogo se acendeu dentro do meu peito e subiu até o crânio. meu coração acelerou os batimentos loucamente, meus músculos se retesaram e meus sentidos ficaram aguçados. Comecei a correr.
Corri como nunca correra antes. As árvores entravam e saíam do meu campo de visão como vultos, e eu continuava correndo rapidamente.minha respiração estava acelerada, os olhos pulsando. Depois de um momento de fixação num certo ponto da mata, olhei para o lado e, à distância, haviam dois soldados. Num outro jorro de adrenalina, virei para o lado contrário, escorreguei e caí. Bem nessa hora, um tiro explodiu acima de mim –bem aonde minha cabeça deveria estar-. Deslizando, fui parar embaixo de uma folhagem grossa. Ali ninguém poderia me ver. Eu havia deslizado uns cinco metros para dentro da “floresta”. Me acalmei um pouco. Só um pouco. A fúria estava tomando conta de mim. Tudo porque me atacaram antes sem perguntarem quem sou!
Então, dois soldados vestidos com coletes cor de musgo passaram por mim. Gritavam um com o outro em uma língua que eu não entendia e não fazia ideia de qual era. Era a chance da qual eu precisava para escapar. Peguei a minha arma, e isso me trouxe uma raiva psicótica à tona. Cerrei os punhos e rangi os dentes. Meus olhos pareciam ter feito “plec”, e vi estrelinhas à minha volta. Fui rastejando de barriga pra baixo até chegar ao limite aonde estavam as folhas. Me posicionei e atirei. Um dos soldados voou para frente, com sangue espirrando em jorros para todas as direções, saindo de sua cabeça como se eu tivesse atirado em uma abóbora. O outro soldado virou-se de sopetão, e eu atirei de novo. A bala atravessou a sua boca de lado, rasgando-lhe as bochechas, arrancando parte de sua língua e destruíndo alguns dentes. Ele cambaleou tonto, – deveria estar com uma dor de dente horrível- segurou a cabeça num esforço para conter a dor. Ele fez menção de pegar sua pistola e atirar, mas antes disso, eu atirei primeiro. O tiro cravou-se no seu peito, e ele desfaleceu. No chão, tremeu por um ou dois minutos, e morreu.
Fui rastejando até onde os corpos descansavam, e peguei a munição das pistolas deles, que eram iguais às da minha. Peguei duas granadas. Assim que fiz isso, uma terceira granada surgiu no meio dos corpos. Outro jorro de adrenalina me invadiu e eu saltei como um gato e corri. Lancei-me atrás de um grosso tronco, arma à postos. Os corpos explodiram em vários pedaços, entranhas voando para todos os lados. Uma enorme poça de sangue se formou no local, e uma perna caiu do meu lado. Fiquei horrorizado, e saí correndo. O som de uma metralhadora ecoava pela floresta. Tiros explodiam logo atrás de mim. Cheguei num abismo e pulei. Não pensei duas vezes. Foram alguns segundos de pânico e outros de adrenalina. Por fim, caí num rio, e fui arrastado pela correnteza.