16.Esperanças renovadas
O tempo já não tinha a mínima importância. A caminhada ficava mais perigosa a cada dia e eu poderia morrer a qualquer momento. Que novidade – pensei. A cada dia eu ficava mais fraco. Mais desesperado para achar uma saída pra aquilo tudo. As horas passavam e nada de eu encontrar qualquer sinal de que me aproximava das montanhas. Aliás, nesses últimos dias nem eu sabia mais meu objetivo: achar as montanhas ou fugir pra ter mais chances de viver... Eu nem ao menos sabia se a direção para qual estava rumando era a certa. Até que eu a vi.
Erguendo-se monstruosamente, lá estava a cordilheira, de pano de fundo contra a floresta. Eu a via imponente, com seu brilho azulado refletindo o sol. Àquela distância, não consegui ver cidade nenhuma, mas pelo menos sabia aonde a montanha estava. Minhas esperanças foram renovadas na mesma hora. Ela estava tão longe que eu não conseguia ver detalhe nenhum. Era só um borrão que cutucava o céu. Apertei o passo, para reduzir o tempo de marcha. A cada passo, mais feliz eu ficava. A liberdade estava próxima, ou pelo menos era o que eu pensava.
Dois dias depois e com a montanha colossal cada vez mais perto, vi os limites da floresta. Andei mais um pouco e a mata foi se extinguindo, até que à minha volta só restavam gramíneas. Olhei para a direita, e vi os limites da floresta também. Eles se esticavam até o horizonte. O lado esquerdo era a mesma coisa. A floresta acabava numa linha extremamente regular, que cortava de um horizonte ao outro. A planície Daret, como eu vira nos mapas da escola. Dali a algumas dezenas de quilômetros começava um deserto, o deserto Nolf, que estendia-se por vários quilômetros até encontrar-se com o sopé da montanha, que fazia parte de uma cordilheira chamada Osidin, delimitando o território do país.